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Doenças que não escolhem sexo

Doenças do coração, seguidas pelo câncer, são as que mais matam homens e mulheres no Brasil; Veja dicas de prevenção

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 12 de abril de 2018 - 17:59
Doenças de coração são líderes de mortalidade no país
Doenças de coração são líderes de mortalidade no país -

Conhecer quais são as doenças que mais matam no Brasil é importante, principalmente para se manter bem longe delas. Segundo últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde (2013), as doenças que mais levam a óbitos no país estão relacionadas a problemas cardiovasculares, como o infarto; cerebrovasculares, como o AVC; seguidos por câncer, pneumonia e diabetes.

É possível ainda subdividir de acordo com os gêneros. No caso dos homens, os quatro problemas de saúde que mais matam são, na ordem, câncer de próstata, obesidade e diabetes, e doenças cardiovasculares. Já sobre as mulheres, as posições se invertem já que doenças cardíacas lideram a lista, seguidas pelo câncer e pelo acidente vascular cerebral.

Segundo o cardiologista Dr. Ronaldo Curi Gismondi, do Hospital Niterói D’Or, entre as doenças cardíacas, o AVC (ou popularmente, derrame) e o IAM (infarto agudo do miocárdio) são as duas causas mais comuns de morte.

"A causa dessas doenças é o entupimento das artérias devido à formação de placas de gordura, a chamada aterosclerose. Os principais fatores que favorecem a ocorrência da aterosclerose são idade avançada, obesidade, sedentarismo, aumento da pressão arterial, diabetes melito, com o aumento de glicose no sangue, tabagismo e colesterol elevado. Todos estes fatores tiveram um aumento importante no século passado, associados aos hábitos da vida moderna ocidental, com mais tempo trabalhando, comendo alimentos processados e com excesso de calorias, bem como o estresse e a falta de tempo para atividade física", explica.

De acordo com o especialista, os sintomas mais comuns são dor no peito, falta de ar, palpitações (coração acelerado) e tontura ou sensação de desmaio. "O paciente deve estar especialmente atento se os sintomas pioram com esforço físico e aliviam com repouso, pois estes são sinais bastante específicos de um problema cardiovascular", acrescenta Dr. Ronaldo Gismondi.

É interessante observar também dores atípicas, de acordo com o cardiologista clínico da UFF, Eduardo Nani. “Algumas dores são incomuns mas podem estar associadas a um infarto como dor na mandíbula, epigástrica (boca do estômago), nos braços, ombros e dorso”.

Segundo levantamento da Vigitel (Ministério da Saúde) de 2011, doenças cardiovasculares são responsáveis por mais de 30% das mortes registradas no país, e dessas mortes, mais de 60% das vítimas são homens. Uma das principais causas para tantas mortes entre os homens é a alimentação. Eles ingerem carne com gordura com mais frequência que elas (45,9% x 24,9%), tomam mais refrigerantes (34,3% x 25,9%) e comem menos frutas e hortaliças (25,6% x 35,4%). Não contente, a ala masculina também fuma mais (18% x 12%) que a feminina.

No entanto, doenças do coração também estão no topo da mortalidade feminina, já que, segundo estudos, 90% das mulheres têm um ou mais fatores de risco para doença cardíaca, especialmente no período de menopausa.

"O homem apresenta um maior risco cardiovascular, mas as mulheres na fase pós-menopausa também têm risco elevado, muitas vezes equivalentes ou superiores ao dos homens. Além disso, o homem procura menos o serviço de saúde, faz menos consultas de check up e tem menor adesão ao tratamento médico", completa o cardiologista.

Segundo Eduardo Nani, com o passar dos anos, os fatores de risco têm se tornado cada vez mais comuns a homens e mulheres. “A partir dos anos 70, as mulheres passaram a disputar o mercado de trabalho em igualdade de condições com os homens, passando de uma vida dedicada aos cuidados da casa e dos filhos para uma de trabalho fora de casa, compartilhando os mesmos fatores de risco que no passado eram mais prevalente nos homens, como a hipertensão, fumo e o estresse”, observa o especialista.

A boa notícia é que é possível prevenir os males do coração com a correção desses fatores de risco. Entre as principais ações estão exercitar-se regularmente; manter o peso controlado, evitando obesidade; alimentação saudável; fazer avaliação médica periódica, mesmo que não sinta nada, a fim de detectar problemas de pressão arterial, diabetes ou colesterol alto e, caso estes problemas estejam presentes, tratá-los regularmente; e parar o tabagismo.

Ações de prevenção - A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) é a principal entidade a frente das campanhas de prevenção das doenças cardiovasculares. Alguns exemplos são 10 março como dia nacional de combate ao sedentarismo, 26 abril como dia nacional de prevenção e combate a hipertensão arterial, dia 31 maio como dia mundial sem tabaco; 8 de agosto como dia nacional de controle do colesterol; 28 agosto é o dia nacional de controle do alcoolismo; 29 de agosto é o dia nacional de combate ao fumo; 29 de setembro como dia mundial do coração; e 27 outubro como dia nacional de controle e prevenção da diabetes.

Tumor de próstata é a quarta maior causa de morte por câncer no país

Outra doença com alta mortalidade no país e comum aos dois gêneros, é o câncer. No Brasil, o câncer de próstata é a quarta maior causa de morte por câncer e corresponde a 6% das mortes totais de homens brasileiros anualmente, enquanto o câncer de mama tem mais incidência entre as mulheres. Câncer de colo retal, pulmão, ginecológicos (colo de útero, ovário e endométrio) e do sistema linfático (linfomas) também possuem alta incidência.

De acordo com a oncologista da UFF, Thereza Quirico dos Santos, um dos motivos de o câncer estar entre os principais males é o fato de não ser uma doença única. "Tumores surgem a partir de modificações em tecidos normais que podem afetar qualquer tipo celular. Alguns tipos de câncer têm uma base genética, mas o fato de você ter um gene que contribui para um determinado tipo de câncer não é certeza que irá padecer da mesma doença", esclarece a especialista.

Fatores da vida moderna também colaboram com a alta incidência do câncer, de acordo com o oncologista clínico Fábio Meleipe, da Oncologia D'Or.

"Atualmente, vivemos por muito mais tempo, em função dos avanços científicos e sociais. Com isso, teremos grande parte da população envelhecida, e isso predispõe ao surgimento de doenças degenerativas e neoplásicas, como o câncer, com consequente aumento de sua incidência. Além disso, ele ( o câncer) ocorre em boa parte, pelo padrão de vida pouco saudável como alimentação não natural, sedentarismo, obesidade, poluição, cigarro, álcool e desequilíbrio emocional", explica.

Ainda segundo Meleipe, uma vez o câncer instalado, a grande chance de cura está em ser diagnosticado em fase mais inicial. Se for diagnosticado em fase avançada, a chance de cura cai drasticamente. "Portanto, ter acesso a um sistema de saúde que funcione para todos, seria fundamental. O atraso no diagnóstico e no tratamento contribuem em muito para a falha do processo. Além disso, muitos medicamentos, mais eficazes não estão disponíveis nos serviços públicos, causando um hiato com o serviço privado", pontua.

Entre os tratamentos disponíveis atualmente estão a quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. "É muito importante reconhecer que o câncer é um processo dinâmico, que a célula tumoral primária sofre muitas modificações ao longo da progressão e do tratamento com a quimio e a radioterapia. Verificando as mudanças, é possível escolher o tratamento adequado para o momento específico e para o paciente específico, diminuindo a morbidade e mortalidade", esclarece Thereza Quirico, acrescentando que este trabalho é realizado com análise de amostras de sangue no laboratório de pesquisa (laboratório de Patologia Celular) no Instituto de Biologia da UFF em parceria com a Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap).

Ações de prevenção - As principais campanhas existentes a respeito do câncer são direcionadas para o câncer de mama, próstata e pele. O dia 27 de novembro é o Dia Nacional de combate ao Câncer (Inca); existem campanhas educativas de prevenção do câncer do colo do útero no Brasil e o dia nacional do combate ao fumo, ambos promovidos pelo Inca; semana nacional de prevenção do câncer de mama; Outubro Rosa para o câncer de mama; Novembro Azul para o câncer de próstata; e Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele, pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Atitudes simples auxiliam na prevenção

De acordo com Dr. Fábio Meleipe, em alguns casos é possível prevenir ou, ao menos, reduzir os riscos de câncer, com atitudes simples.

- Proteção solar para os tumores de pele.

- O Centers for Disease Control (CDC), dos USA, recomenda o uso da vacina HPV (vírus papiloma humano), com potencial prevenção para os cânceres relacionados ao HPV cervical (colo de útero), cabeça e pescoço, ânus, vagina, vulva e pênis, em crianças de 11 e 12 anos. Quanto aos adultos, a vacina é recomendada para homens até os 21 anos. Para mulheres e homens que se relacionam com homens, a indicação é até 26 anos de idade.

- Vacina para hepatite B e C para tumores hepáticos em áreas endêmicas ou para profissionais de risco, como profilaxia do hepatocarcinoma.

- Abstinência de álcool e tabagismo para prevenção de muitos tumores: cabeça e pescoço, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, pulmão, bexiga, entre outros

- Evitar alimentos ricos em componentes nitrosos, como embutidos e defumados, e aumentar o consumo de frutas, vegetais e folhas, rico em fibras, que auxilia na prevenção de tumores de estômago e colo retal

- Fazer exercício, dieta saudável, natural, serenidade, paz de espirito, prática de yoga também são fatores que contribuem para a prevenção dos tumores.

- PSA e o toque retal para o diagnóstico precoce do tumor de próstata.

- Mamografia a partir de 40 anos e até os 70 anos

- Fazer o exame preventivo (Papanicolau) dos 25 aos 65 anos para o câncer de colo de útero.

- Fazer avaliação de testículo em pacientes jovens.

Palavra-chave: prevenção

Diagnosticada com um tumor em um dos rins há 10 anos, a manicure Marta de Oliveira Araújo, 43, viu toda sua rotina mudar da noite para o dia. Com a grande possibilidade de ser  câncer, a cirurgia para retirada completa do órgão foi realizada no Inca e devido a sequelas consequentes do procedimento cirúrgico - um nervo e e uma costela foram afetados - Marta mantém, desde então, medicamentos para alívio da dor constante. 

Entre os remédios, alguns de tarja preta acabaram trazendo efeitos colaterais com o tempo, como sonolência e aumento do peso. "Após uns dois anos da cirurgia, eu percebi que precisava fazer alguma coisa para mudar o meu quadro, pois eu estava beirando à depressão. Como não posso trabalhar de carteira assinada devido às dores pelas sequelas que ficaram, eu continuei como autônoma fazendo meu próprio horário, mas ainda assim me sentia mal, desanimada", contou.

Foi então que Marta decidiu começar, aos poucos, a fazer caminhadas pela manhã. "Comecei fazendo percursos curtos, andava alguns quarteirões e voltava. Depois que peguei o ritmo, comecei a andar distâncias maiores e desde então não parei mais. Quando fico alguns dias sem ir, me sinto mal, o corpo pede", revela a manicure, que além da caminhada do Barro Vermelho, onde mora, até o Horto do Barreto, em Niterói, realiza atividades físicas de segunda a sexta em projetos populares com circuito funcional e ginástica localizada.

Segundo a autônoma, a palavra de ordem é prevenção. Isso sem contar a amizade que conquistou com outros participantes dos projetos. Um deles é o circuito funcional com alongamento, realizado diariamente no Horto do Barreto pelo educador físico aposentado Osvaldo Luiz Silva, sempre a partir das 7h. 

"O projeto acontece há três anos e conta com público de todas as idades, desde jovens a idosos de 60, 70 anos", conta o instrutor. 

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