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O desafio de universitários que precisam trabalhar

Estudantes se desdobram para alcançar diploma

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 31 de julho de 2017 - 11:00
Allan começou a produzir trufas para pagar as passagens
Allan começou a produzir trufas para pagar as passagens -

Por Matheus Merlim

O sonho de concluir uma faculdade não é tão simples de ser realizado. Com uma rotina maçante de estudos, é difícil encontrar tempo para trabalhar e manter uma renda que permita cobrir os gastos da universidade. Mas tem estudante que se desdobra para conquistar o tão sonhado diploma.


Este é o caso do locutor Edson Marques, de 46 anos, que há quatro decidiu iniciar uma carreira no Jornalismo. Matriculou-se em uma faculdade particular e, com os trabalhos para lojas da Avenida Visconde do Rio Branco, no Centro de Niterói, consegue quitar as mensalidades e ainda manter a renda familiar. Ex-jogador de futebol, ele tenta aplicar os conceitos teóricos aprendidos na universidade no ofício com o microfone.

“Já narrava futebol desde jovem e, quando cheguei a Niterói, pedi uma oportunidade para fazer locução em uma loja. Eu me encontrei nessa profissão, lidando direto com o público. Eu procuro fazer minha locução de forma mais jornalística possível, entrevistando os clientes. As pessoas gostam e sempre param para conversar comigo. Mas meu sonho é seguir uma carreira no jornalismo esportivo”, explica Edson, que cobre jogos de futebol para emissoras de rádio.

O microfone e as quatro linhas, apesar de serem familiares ao morador de Tribobó, em São Gonçalo, não o sustentaram a vida inteira. Ele já foi frentista de posto de gasolina e até cantor gospel, quando gravou um CD de músicas evangélicas. Mas a veia de repórter pulsou mais forte, e ele está prestes a entregar a monografia de conclusão de curso.

“Hoje, eu posso dizer que paguei toda a faculdade com a locução que faço no comércio. Trabalho em um supermercado e em uma farmácia. Por conta da minha atuação, a universidade considerou meu trabalho como horas de estágio. Não foi fácil arcar com todo o gasto, mas cheguei até aqui”, conta Edson.

Chocolates que ajudam a custear despesas

Você sabia que o chocolate pode ser um grande amigo na luta contra a ansiedade e o estresse? O “queridinho” do brasileiro possui substâncias, como a feniletilamina, que podem causar no corpo humano a sensação de bem-estar. Não é à toa que é a mesma substância que o cérebro produz quando a pessoa se apaixona. Pensando nesse amor pelo doce, o estudante Allan Teixeira, de 20 anos, viu nas trufas que fazia em casa a oportunidade perfeita para “levantar” uma grana e ajudar com a passagem para a faculdade.

Caminhando para o 6º período do curso de Nutrição na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, ele vende os “quitutes” no próprio campus desde o ano passado. Na época, com a mãe desempregada, ficava difícil ter dinheiro para pegar as conduções até as aulas. Foi quando assistiu a um vídeo no Facebook ensinando a fazer trufas de chocolates.

“A situação financeira estava apertada, com minha mãe desempregada. Eu assisti a esse vídeo e decidi tentar fazer em casa. Deu certo. Todo mundo gostou. Então, decidi vender na faculdade. A princípio, era só para os meus amigos. Mas, depois, espalhou pelo campus. Comecei só com os recheios de paçoca e coco. Agora, já faço pasta de amendoim, beijinho, café, maracujá e brigadeiro”, conta o jovem, que vende, no mínimo, 30 trufas por semana.

Lotado no campus do Valonguinho, no Centro de Niterói, Allan armazena as trufas em uma bolsa térmica e transporta de casa, no Gradim, em São Gonçalo, todos os dias. Hoje, o jovem já faz os doces até por encomenda. A mãe do gonçalense, que atualmente trabalha como cuidadora de idosos, Ana Lídia, de 54 anos, conta que ele se esforça para fazer quitutes e não precisa de ajuda de ninguém.

“Quando eu estou por aqui, eu até pego um recheio para fazer. Mas ele sempre foi bem melhor que eu na cozinha. Agora, ele paga a própria passagem e até conseguiu comprar um processador para produzir alguns recheios”, afirma a mãe. O trabalho como vendedor de doces rendeu alguns apelidos na faculdade, como “Trufão” e “Filho da Trufa”. Allan gosta da brincadeira e admite a importância dos colegas de turma no sucesso do empreendimento.

“Eles sempre me apoiaram. Assim que eu levei, todos compraram e aprovaram”, completa dizendo que hoje já aceita cartão para facilitar a venda para os universitários.

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