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Você sabe qual é a receita para se fazer um grande samba-enredo?

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 15 de fevereiro de 2017 - 18:02
 Flavinho Machado, Dominguinhos do Estácio e Mocotó compuseram o samba que impulsionou o desfile campeão
Flavinho Machado, Dominguinhos do Estácio e Mocotó compuseram o samba que impulsionou o desfile campeão -

Por Sérgio Soares, Ari Lopes, Rennan Rebello e Laryssa Moura

Você sabe qual é a receita para se fazer um grande samba-enredo? Junte quatro compositores de talento e experiência e deixe a inspiração guiá-los. Tenha certeza que o resultado será dos melhores. Quando a Viradouro lançou o tema do Carnaval de 1997, Dominguinhos do Estácio, Flavinho Machado, Heraldo Farias e Mocotó, já renomados entre as agremiações da chamada ‘elite’, uniram forças e montaram a parceria campeã no concurso que culminou com a a escolha do hino oficial para o tema ‘Big Bang, Trevas Luz! A Explosão do Universo’, de Joãosinho Trinta.

A obra, considerada um dos pontos fortes do desfile vitorioso, ganhou 10 de todos os jurados e acabou entrando para a seleta ‘galeria’ dos maiores hinos da vermelha e branca de Niterói. “Foi um samba de fácil assimilação e refrões que impulsionavam a evolução da escola. O resultado foi fantástico”, relembrou Dominguinhos, que aos 75 anos e com mais de 50 de ‘pista’, se considera um ‘pé-quente’ no mundo do samba. E não é para menos. Ele chegou à Viradouro pela primeira vez em 1996, já como renomado intérprete, com passagens pela Estácio e Imperatriz e Leopoldinense. Dominguinhos, que voltou à escola no ano passado, lembra que a criação da música, que viria a se tornar o hino oficial em 1997, não foi difícil.

Não podia ser diferente. Ao lado de Dominguinhos, estavam dois parceiros inseparáveis: Flavinho Machado e Heraldo Faria, que desde a década de 80, acumulavam vitórias na Mangueira (3), Cubango (6) e na própria Viradouro (4). Ignácio Ribeiro, o ‘Mocotó’, de 64, com 25 anos dedicados à Viradouro’, é outro ‘super campeão’. Venceu sete disputas de sambas na escola, - de 1996 a 2002. “Fechamos o samba num sítio em Cachoeiras de Macacu, interior fluminense, em praticamente um dia. O Dominguinhos trouxe a primeira parte e fomos desenvolvendo o restante”, afirmou Flávio Jorge Souza Machado, o Flavinho, hoje com 70 anos. Dominguinhos recorda um detalhe curioso. “Eu tinha o refrão principal pronto, mas esqueci e só lembrei no dia da gravação para o concurso”, contou.

Intérprete será homenageado

Dominguinhos do Estácio receberá uma homenagem especial esse ano por causa do título conquistado há 20 anos. Ele terá uma espécie de lugar ‘de honra’ no desfile sexta-feira de Carnaval pela Série A, como destaque do abre-alas da escola, junto da coroa, símbolo máximo da Viradouro. A participação do artista, nascido no Morro de São Carlos, que começou a carreira no Bloco Bafo da Onça, do Catumbi, e se transformou em um dos principais intérpretes de escolas de samba no país, está sendo articulada em detalhes. Na primeira parte do desfile, ele estará no carro de som ao lado de Zé Paulo Sierra, para fazer o ‘esquenta’. “Depois, troco de carro e vou para o abre-alas”, afirma. O cantor revela que a participação ‘diferente’ já o deixa ansioso. “Não imaginava que isso um dia viria a acontecer. Receber uma homenagem em vida é algo raro”, comemora.

Letra do samba de 1997  

Lá vem a Viradouro aí, meu amor!

É Big-Bang, coisa igual eu nunca vi!

Que esplendor! Vem das trevas, tudo pode acontecer

A noite vira dia, luz de um novo amanhecer!

Vai, meu verso, buscar a Terra em embrião

Da poeira do universo

Desabrocha a natureza em expansão

Oh! Mãe Iemanjá, deusa das águas!

Nanã, deixa o solo se banhar!

Ora, iê, iê, ô, mamãe

Oxum

 Vem com ondinas reinar

No fogo a salamandra a dançar

As pombas brancas simbolizando o ar

Explodem as maravilhas

Vejo a vida brilhando afinal!

Surge o homem iluminado

Com hinos de luta e cantos de paz:

É o equilíbrio entre o bem e o mal

E com o coração nesta folia

Seja noite ou seja dia, amor

Eu quero me acabar!

Vou cair na gandaia

Com a minha bateria refrão

No balanço da mulata

A explosão de alegria

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