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Há 20 anos, uma 'explosão' de alegria levantou a Sapucaí

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 10 de fevereiro de 2017 - 18:03
Viradouro desfilando na Marquês de Sapucaí em 1997
Viradouro desfilando na Marquês de Sapucaí em 1997 -

Por Sérgio Soares, Rennan Rebello, Laryssa Moura e Ari Lopes

O título por Joãozinho trinta ao enredo do Carnaval de 1997 resume bem o que foi a trajetória da escola até a inédita conquista na Marquês de Sapucaí "Big-Bang! Trevas, Luz, a explosão do universo" nasceu da concepção do artista sobre a origem dos planetas no Universo e o desenvolvimento do homem na terra. Nos bastidores da vermelha e branca, havia desconfiança na escolha. Depois de passagens antológicas pelo Salgueiro, com dois títulos, e Beija Flor, onde conseguiu quatro campeonatos, o então renomado artista da folia, em seu terceiro Carnaval na escola do Barreto, ainda não havia mostrado grande performance. No ano anterior, a Mocidade Independente de Padre Miguel, de Renato lage, conquistou o título sem perder nenhum ponto, enquanto a escola de Niterói quase foi rebaixada com o tema "Os três Espantos de Debret', ganhando notas baixas em quase todos os quesitos. Naquele ano, a Viradouro havia perdido a "magia" e a grandiosidade que a fizera uma respeitada escola, a partir do início da década de 90, quando despontou no no Grupo Especial do Rio.

Para piorar ainda mais a situação, Joãosinho sofreu uma isquemia três meses antes desfile, que o fez perder parte dos movimentos do corpo. Mesmo assim, não perdeu a genialidade e o gosto pelo perfeccionismo, acompanhando todo trabalho de criação de forma permanente. "Era capaz de transformar qualquer história em enredo para uma escola de samba", afirmou o carnavalesco Roberto Szaniecki, que trabalhou com Joãsinho Trinta na Viradouro, em 2000. Para Szaniecki, Joãosinho marcou a história ao revolucionar a plasticidade do carnaval. “Todos aprendemos muito com ele que chegou ao auge da sofisticação teatral e figurino. Lembro que me falava que até guardanapo vira enredo, basta saber contar a história certa", declarou. Presidente de honra comandou escola de longe No alto escalão,também havia um vácuo.  

O então presidente de honra. o advogado José Carlos Monassa, responsável por alçar a escola ao patamar das co-irmãs da elite do samba, estava afastado. Respondendo a um inquérito sob acusação de integrar a chamada 'cúpula da contravenção no estado', ele se refugiou em Barra do Piraí, no Vale do Paraíba Fluminense, e de lá, transmitia as ordens ao irmão, Luiz Henrique Monassa Bessil, alçado, no momento de emergência, à direção da escola. Tudo pela paixão que nutria pela Viradouro. Ito Machado, único fundador vivo da agremiação, 1946, e dos mais antigos sambistas da cidade, nessa época, era o vice-presidente da vermelha e branca, e se recorda com orgulho da da preparação que culminaria com àquele que é considerado o maior desfile da história. "Tudo foi planejado nos mínimos detalhes, dos carros alegóricos ao transporte dos componentes de Niterói para o Rio", declarou. Um grupo de amigos e familiares de Machado, que também é um dos responsáveis pela revitalização dos desfiles oficiais do Carnaval de Niterói, mandaram fazer camisas comemorativas e alusivas aos vinte anos do título. O neto de Ito, Washington Motta, de 44 anos, era um dos diretores de harmonia no desfile de 1997. "A nossa apresentação foi perfeita. No meio de desfile o povo já saudava a escola como campeã", relembrou.

Passagem perfeita

A Viradouro foi a segunda escola a desfilar na noite de segunda-feira de Carnaval. Com cerca de 3 mil componentes, divididos em 28 alas, a escola o Barreto impressionou pelas fantasias originais, alegorias imponentes e por uma inovação criada pelo Mestre Jorjão - uma 'paradinha' funk no último refrão do samba enredo. Logo no início do desfile, o abre-alas todo negro, que simbolizava as trevas na primeira parte do enredo, causou impacto. "Toda escola, que tem uma tradicional 'pegada' de desfile sentiu o bom momento", afirmou o carnavalesco e professor de história Carlos Mariano Filho. Após pouco mais de uma hora de desfile,a Viradouro deixou a Marquês de Sapucaí aos gritos de campeã. Dois dias depois, no mesmo local, na abertura dos envelopes, veio a confirmação do resultado. A escola ganhou dez em todos os quesitos, totalizando 180 pontos, impedindo o bi-campeonato da favorita Mocidade Independente de Padre Miguel, que tinha um enredo sobre o corpo humano. Apenas meio ponto separou as duas agremiações. Antes da abertura dos envelopes Mangueira, com tema sobre as olimpíadas, e a Beija Flor, sobre as festas, estavam cotadas. A verde e rosa ficou em terceiro (178,5) e a escola de Nilópolis somou 178 pontos. No desfile das campeãs, Joãsinho Trinta desfilou com a bandeira do Brasil e foi aclamado pelo público. Era a 'volta por cima do grande 'mago' do Carnaval, que morreu em 2011, de causas naturais, em sua terra, São Luíz do Maranhão. Em 2014, o carnavalesco ganhou um filme sobre sua vida, produzido poe cineasta Paulo Machline.

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