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A falta de talento preocupa

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 12 de outubro de 2015 - 21:21

Após ter sido derrotado na estreia das eliminatórias, o Brasiltem hoje a oportunidade de se recuperar contra a fraca Venezuela, jogando em Fortaleza.

A situação é preocupante. Não (ainda) pela classificação em si. A fase classificatória se realiza em dois anos, sendo que quatro dos dez participantes se classificam diretamente, tendo o quinto colocado ainda a oportunidade de disputar a repescagem contra uma seleção sem qualquer força no mundo futebolístico. O Brasil terá que fazer muita coisa errada para não se classificar para a Copa da Rússia.

O que incomoda é o futebol insosso da seleção. Atualmente, considerando a evolução da seleção chilena, o que restou claro na conquista da Copa América, a derrota, na primeira rodada, fora de casa, poderia ser considerada normal. Até mesmo esperada, ainda que os saudosistas venham procurando destacar que o Brasil nunca iniciara uma eliminatória com derrota.
O futebol mudou. A globalização chegou. A seleção chilena é composta por jogadores que atuam com destaque em grandes equipes da Europa. É uma seleção forte.

O problema é que a seleção brasileira não empolga. Pratica, quando muito, um futebol apenas equilibrado, o que não é suficiente para atrair o torcedor. Falta talento. Não que os jogadores sejam ruins tecnicamente. A maioria não é. Sofre, porém, com a ausência de Neymar, o único que pode desequilibrar com uma jogada genial, sempre preocupando dois ou mais adversários.
Dunga não errou ao dizer, após o jogo contra o Chile, que, até tomar o primeiro gol, o Brasil fazia uma partida correta e equilibrada. Tudo caminhava para um 0 x 0, que a mídia, depois, iria considerar um bom resultado. Mas é muito pouco. A seleção jogou no limite de suas possibilidades, apenas escorada em um rígido padrão tático, sem que os jogadores, principalmente os do meio, tivessem maior liberdade. Neste esquema, a qualquer momento seria possível sofrer um gol, ainda que em lance fortuito, e, depois, sem a força do talento, não teria como reagir.

Foi o que ocorreu na quinta feira. Apesar de todos atribuírem maior responsabilidade ao goleiro Jefferson, que realmente poderia ter evitado o primeiro gol do Chile, ou mesmo a omissão de Marquinhos ao deixar o atacante se antecipar, ninguém criticou a falta desnecessária que Luiz Gustavo fez no lado esquerdo do campo, empurrando o adversário que estava de costas, sem qualquer chance de levar perigo ao gol brasileiro. Na cobrança da falta saiu o gol do Chile.

A partida correta que a seleção vinha fazendo (que é pouco), despencou.

Passou a precisar do talento que não existia. Willian e Douglas Costas são bons jogadores. Muito bons. Mas jogam em velocidade com a bola nos pés, geralmente restritos aoslados do campo.

A seleção precisa daquele jogador do meio para a frente que coloque um destes velocistas na “cara do gol” ou que chegue com força na área adversária. Este jogador, definitivamente, não é Oscar. Parece sem vontade, disperso, sem força, sem sangue. Apenas mediano.

No jogo de hoje, pelo que saiu nos jornais, Lucas Lima entrará no lugar de Oscar. Caso o jogador do Santos renove as atuações que vem tendo no Campeonato Brasileiro, a tendência é melhorar. Ele tem muita facilidade em colocar os atacantes na “cara do gol”, com passes magistrais entre os zagueiros. O que falta nele é uma maior aproximação da área adversária. Faz poucos gols, apesar de ter um bom chute. Falta arriscar mais. Mas a substituição prevista, se realmente ocorrer, será uma melhora na criatividade da seleção.

A outra substituição anunciada, com a saída de Marcelo e a entrada de Felipe Luiz, não dá para entender. A dificuldade de Marcelo na marcação é conhecida de todos, sendo inquestionável o seu talento e força ofensiva. Já Felipe é mais firme no sistema defensivo, não possuindo o talento que o lateral criado em Xerém possui no ataque. Jogando fora de casa, contra uma seleção reconhecidamente forte, o treinador escalou aquele que apoia melhor; jogando em casa, contra uma seleção reconhecidamente fraca, ele promete escalar aquele que se destaca pela força defensiva. Não dá para entender.

Por último, também é importante para um melhor desempenho da seleção que Elias não fique tão preso na marcação. A grande virtude do meia corintiano é a sua aproximação no ataque sem a bola, surpreendendo o sistema defensivo adversário. Ele faz isto no Corinthians, fazia no Flamengo, mas na seleção, talvez por ordem do treinador, tem ficado muito preso na marcação.
Vamos ver o que vai acontecer hoje. Na remota hipótese de o Brasil não vencer, a pressão será grande e, acredito, que Tite terá que antecipar os seus planos e assumir, imediatamente, a seleção brasileira.

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