Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,2113 | Euro R$ 5,5412
Search

Lição de vida retratada em livro

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 05 de junho de 2016 - 11:00
Maria José Pedrosa, 66 anos, lançará o livro no próximo dia 17, na Câmara de Vereadores de Niterói
Maria José Pedrosa, 66 anos, lançará o livro no próximo dia 17, na Câmara de Vereadores de Niterói -

As memórias de quem viveu uma das maiores tragédias do país, no início dos anos 60, ainda continuam vivas. O tempo não sanou a dor de quem teve 90% do corpo queimado nas chamas que tomaram conta da lona do Gran Circus Norte-Americano, em Niterói. Mesmo as cicatrizes e a inocência de quem apenas tinha 11 anos na época não abalaram a força de viver de Maria José de Oliveira Pedroza, hoje com 66 anos. Mãe, avó e professora aposentada, Zezé - como é apelidada carinhosamente - decidiu traduzir em palavras de superação o sofrimento enfrentado na própria pele. No próximo dia 17, a educadora realizará o lançamento do livro “Vidas Em Chamas”, na Câmara de Vereadores de Niterói, às 18h.

Na obra, Maria José conta a própria história com o codinome de Natali. A autora traça um paralelo entre os ancestrais da época da escravidão, perpassando por uma análise do cenário político-econômico do Brasil antes e depois da tragédia. Os dois capítulos que narram, com detalhes, os momentos em que esteve dentro do circo em chamas ficam no meio do livro que, para Zezé, são cenas inesquecíveis. “Foi a primeira vez que eu saí de casa sem meus pais, eu fui com uma amiga adulta. O pior momento da tragédia para mim foi quando me vi completamente consciente, perto da entrada do circo. Eu caindo sobre as pessoas e elas caindo em cima de mim. Tinha uma grande roda de fogo se aproximando. Fiquei 20 dias em coma e oito meses internada”, relembrou a aposentada, que passou por 15 cirurgias plásticas para recuperar algumas partes do corpo. As marcas pelos braços e até no pescoço foram inimigas da autoestima de Zézé. A professora também lembra, emocionada, a apoio da sua mãe. “Abaixo de Deus, só a minha mãe. Ela sofria por não poder sentir a dor que eu estava sentindo. Toda vez que eu saía de casa, usava blusas de manga comprida para esconder as cicatrizes. Mas num dia, de muito calor, acabei esquecendo. Quando chegamos no ponto do ônibus, lembrei e disse que voltaria em casa para trocar de roupa, mas ela me disse: você não vai botar aquela blusa nunca mais, você não é pior que ninguém e eu vou te amar da mesma forma”, contou.

Filha de Maria José, a também professora Janaína Pedroza Martiniano, 43, vê com orgulho a trajetória da mãe.

“Fico feliz de ver o sonho dela realizado. Ela vive com as marcas na pele mas nunca desanimou. É um exemplo para nós”, disse.

Apoio editorial - “Vidas em Chamas” foi editado gratuitamente pela editora Kimera, que é de Niterói.

“Percebi que não estava diante apenas de uma pessoa vítima do destino, mas de uma mulher cuja determinação e força de viver motiva todos a sua volta. Ela me convenceu de imediato que sua história merecia ser imortalizada nas páginas de um livro, para servir de inspiração e também contar uma história dessa tragédia que não deve ser jamais esquecida”, declarou Vanderlei Sadrack, o responsável pela editora.

Matérias Relacionadas