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Sapucaí vira circo do ‘Tigre’

Se a meta era transformar a Sapucaí em um picadeiro, a Unidos do Porto da Pedra cumpriu tal missão. O enredo “Palhaço Carequinha - Paixão e Orgulho de São Gonçalo. Tá certo ou não tá?” não economizou em alegria e disposição na Avenida.

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 06 de fevereiro de 2016 - 19:19
Porto da Pedra
Porto da Pedra -

Sapucaí vira circo do ‘Tigre’

Com homenagem a Carequinha, trupe da Porto da Pedra conquista corações na Avenida

Se a meta era transformar a Sapucaí em um picadeiro, a Unidos do Porto da Pedra cumpriu tal missão. O enredo “Palhaço Carequinha - Paixão e Orgulho de São Gonçalo. Tá certo ou não tá?” não economizou em alegria e disposição na Avenida. A empolgação dos mais de dois mil componentes, que cantaram o samba de Porkinho ao longo dos 54 minutos, contagiou o público. Por outro lado, problemas de iluminação em dois carros alegóricos podem comprometer a pontuação final.

A identificação dos espectadores com o tema escolhido ficou nítida já na apresentação da Comissão de Frente. Os bailarinos anunciavam a chegada do circo a partir da representação de personagens de diferentes gerações de palhaços, como Bozo, Vovó Mafalda, Pimentinha e a dupla Patati & Patatá. Apesar das dificuldades financeiras enfrentadas pela agremiação gonçalense, o carnavalesco Jayme Cezário não economizou na criatividade. Como prometido, Jayme retratou episódios marcantes na história de São Gonçalo, mas conciliando-os ao universo circense, como comprovaram as alas dos índios tamoios atiradores de faca, a do Barão de São Gonçalo que tirava coelho da cartola e àquela em alusão à primeira corrida automobilística do Brasil, ocorrida nas ruas do município. O destaque ficou por conta das baianas, cuja leve e colorida fantasia lembrava a Revolta da Cachaça.

Clássicos infantis gravados por Carequinha lembraram a trajetória do artista no rádio. A cantiga “Sapo Cururu” e “O Rock do Ratinho” foram representadas, respectivamente, pela ala das crianças e das passistas. Com o samba na ponta da língua, a Rainha de Bateria Verônica Araújo mostrou samba no pé como símbolo da banda do Carequinha, à frente da Ritmo Feroz do Mestre Celinho. No segundo carro alegórico, um aparelho sonoro sintonizava as canções com um grande palhaço que tocava violão.

A obra de George Savalla Gomes chega ao cinema e à TV no terceiro setor, com as alas em alusão ao “Circo Bombril”, comandado por Carequinha na TV Tupi nas décadas de 1950 e 1960, o “Circo Alegre”, exibido pela TV Manchete nos anos 1980, e as participações do palhaço na “Escolinha do Professor Raimundo”, da TV Globo, na década seguinte. O carro alegórico tinha como destaque o Palhaço Topetão, um dos últimos a atuar ao lado do ícone na mídia, esculturas de palhaços com claquetes e refletores. Imagens de Carequinha reproduzidas em um painel digital acentuavam o clima nostálgico. “Foi emocionante participar de uma homenagem ao mestre dos picadeiros. Tenho orgulho de fazer circo segundo o legado que ele deixou”, declarou Topetão.

Familiares de George Savalla fizeram bonito no quarto e último carro, enfeitando ainda mais a exaltação de Carequinha como um patrimônio cultural brasileiro e um artista que deixou saudade. Emocionada, Sílvia Savalla chegou à dispersão ainda em êxtase. “Torci para não morrer de emoção na Avenida para que não prejudicasse a escola. Foi emocionante ver a escola cantando e a reação do público. Acho que eles sentiram o que desejávamos transmitir”, afirmou uma das filhas de George. Diego Savalla, filho da atriz Elizabeth Savalla, se sentiu honrado com a missão de representar o avô. “Foi uma honra e uma grande responsabilidade. Me senti confortável na escola, tratado com muito carinho, e pretendo desfilar mais vezes na Porto da Pedra”, projetou o estreante. Em meio à tanta alegria, pequenas falhas técnicas se configuraram como ponto negativo no desfile. A iluminação do primeiro carro parou ainda no início e voltou apenas aos 30 minutos. Os imprevistos, no entanto, não abalaram a satisfação de quem apostou no enredo. “A comunidade se sente premiada em homenagear Carequinha. Foi um carnaval difícil, que exigiu o máximo de nós, mas pudemos demonstrar parceria e superação. A magia se fez presente!”, avaliou Cezário. O ator e artista circense Marcos Frota minimizou a desistência em desfilar como Carequinha. “Minha missão era ajudar. Eu queria estar próximo, mas sem qualquer destaque. Sei que, onde ele está, está se sentindo feliz”, disse. Já o presidente Fábio Montibelo usou a reação dos espectadores como argumento para colocar a agremiação entre as melhores. “Ver o público aplaudindo de pé e elogiando já comprova que a escola foi bem. Ganhar depende dos jurados, mas se a avaliação é essa, o nível foi de campeã”, resumiu.

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